O Pacto Educativo Global, iniciativa promovida pelo Papa Francisco, visa reavivar o compromisso para e com as novas gerações, na medida em que reúne esforços colaborativos em uma ampla aliança educativa para romper com o que denomina de “cultura do descarte” e “globalização da indiferença”.
Trata-se de uma renovação cultural profunda, em que, desde o presente, olha-se o futuro de um modo mais construtivo, ético e sustentável.
Em torno dessa temática, nos dias 29 e 30 de junho, ocorreu o Congresso Internacional Pacto Educativo e Direitos Humanos que teve como tema Reflexões em tempos de crise: democracia, sociedade e natureza e foi organizado pela Universidade Católica Silva Henríquez (Chile), pela Universidade de Notre Dame (EUA) e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Brasil).
Com arquitetura interinstitucional, o evento ocorreu na modalidade online e abrangeu 300 inscritos e 76 comunicações, oriundas do Brasil, Chile, Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Espanha e Itália. Sua estrutura oportunizou redes de parcerias, que objetivaram partilhar conhecimentos e experiências acadêmicas sobre os Direitos Humanos à luz dos princípios do cristianismo.
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Na programação, os eixos temáticos incluíram pautas científicas convergentes com os impulsionamentos do Dicastério para a Cultura e a Educação para as instituições pontifícias. Ao final do evento, foi anunciada a criação de uma rede internacional de pesquisadores e pesquisadoras em Educação e Direitos Humanos, com o objetivo de garantir o diálogo permanente sobre o tema e promover a cooperação entre pessoas e instituições.
Desde 2019, quando o Pacto Educativo Global foi lançado, o Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista está contribuindo com a discussão acadêmica. Segundo Patrícia Espíndola Teixeira, coordenadora da iniciativa, a adesão ao convite para integrar a agenda científica nos diferentes congressos que tematizam o Pacto Educativo Global é prioridade.
“A pauta nos corresponsabiliza como maristas, como Pró-Reitoria de Identidade Institucional (PROIIN), como espaço educativo que visa o desenvolvimento integral e solidário e como serviço interlocutor atento aos cenários das jovens gerações”, destaca.
No Congresso Internacional Pacto Educativo e Direitos Humanos, o Observatório apresentou resultados que exemplificaram a aproximação com a condição juvenil por meio de diferentes investigações desenvolvidas no ecossistema PUCRS. Dentre as apresentações, destacam-se os resultados da pesquisa Quem é o estudante da PUCRS? e sua contribuição em destacar as juventudes no centro do processo educacional e o recorte dos aspectos educacionais, socioeconômicos e de saúde de mulheres pretas da Universidade, discutindo caminhos de superação das desigualdades sociais.
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Como partilha de experiências metodológicas, o Observatório Juventudes apresentou também o método analítico de escuta científica e de participação juvenil a partir da Análise Textual Discursiva (ATD), que retira o sujeito da posição de receptáculo passivo das participações no conhecimento científico. Por fim, relatou a experiência em grupos de discussão sobre o processo sinodal com jovens do ecossistema PUCRS, detalhando os principais resultados que direcionam a potência de uma “cultura do encontro” em meio acadêmico.
Para Maicon Rafael Machry, 25 anos, estudante da Escola de Humanidades e bolsista de iniciação científica do Observatório, a iniciativa é relevante de ser exemplificada.
“Os discentes juvenis representam mais de 86% da população de graduandos da PUCRS. A participação juvenil, contribuindo com a pesquisa e oferecendo sugestões para a melhoramento educacional e de serviços, manifesta uma universidade disposta a acolher e favorecer a participação dos jovens no processo educacional, inspirada pelo carisma marista e comprometida com o caráter sociotransformador da educação”, ressalta.
O Congresso Internacional Pacto Educativo e Direitos Humanos não foi o primeiro evento em que Observatório Juventudes tematiza os cenários juvenis no ambiente do ensino superior. Em 2021, participou do Foro sobre el Pacto Educativo Global, por meio da Universidad Javeriana/Colômbia e dos Diálogos sobre Humanidades e o Pacto Educativo Global pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás/ Brasil e em 2022, da Economy of Francesco (EoF) Portugal Conference, pela Universidade de Coimbra/Portugal.
Como intenção, a proposta pontifícia estimula a formação de pessoas (auto)conscientes, capazes de superar as conjunturas fragmentadas e opostas à dignidade humana e dedicadas em reconstruir o tecido das relações para uma sociedade mais justa, inclusiva e solidária. Dentre os compromissos cunhados pelo Pacto Educativo Global, o primeiro visa “colocar a pessoa no centro do processo educativo”, o segundo, “escutar as jovens mais jovens”, e o terceiro, “favorecer e promover a participação das jovens na educação”.
Esses e outros compromissos, assumidos pelo Instituto Marista, encorajam as instituições educacionais ao desenvolvimento e engajamento em iniciativas sistêmicas de gestão, pesquisa, ensino em cooperação social e ambiental.