O acervo do historiador e folclorista Antonio Augusto Fagundes, mais conhecido como Nico Fagundes, foi doado para a PUCRS na manhã desta quarta-feira, 21 de setembro. Objetos pessoais como palas, a máquina de escrever que utilizou para fazer o Canto Alegretense, chapéu, anotações e livros ficarão no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural, localizado no 7º andar da Biblioteca Central da Universidade, prédio 16 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). A assinatura do contrato ocorreu no Salão Nobre da Reitoria da PUCRS, com a presença do Reitor, Joaquim Clotet, e de familiares do tradicionalista.
“Estamos muito contentes e satisfeitos por termos as obras do Nico e sobretudo muito agradecidos, em nome de todos os gaúchos que terão acesso a esse material”, destacou Clotet. Emocionada, a viúva Ana Lúcia Piagetti Fagundes falou sobre a preocupação que Nico Fagundes tinha com o futuro do seu acervo. “Hoje ele está revivendo. Fico muito feliz que o acervo dele ficará para a prosperidade, pois não seria justo deixar os livros apenas enfeitando as paredes”, disse ela ao ressaltar a futura digitalização das obras, que será feita no Delfos. O sobrinho Ernesto Fagundes afirmou que a doação do material para a PUCRS é “uma das grandes vitórias” do seu tio e recitou trecho da música Origens, por acreditar que descrevia o momento: “Eu sei que não vou morrer, por que de mim vai ficar o mundo que eu construí, o meu Rio Grande o meu lar, campeando as próprias origens, qualquer guri vai achar”.
O coordenador geral do Delfos, professor Luiz Antonio de Assis Brasil, disse que a visão múltipla do ponto de vista cultural do Estado é o grande diferencial das obras de Nico Fagundes. Os livros e anotações serão armazenadas com luz e temperatura adequadas, catalogados e digitalizados para que fiquem à disposição de pesquisadores. Estiveram presentes também o filho de Nico, André Taquari Fagundes, a sogra, Maria Salete Silva, e a diretora da Biblioteca Central da PUCRS, Ana Benso.
Antonio Augusto Fagundes faleceu em junho de 2015, com 80 anos. Aos 16 anos, trabalhou como cronista e repórter na Gazeta do Alegrete e na Rádio Alegrete, onde apresentou programas humorísticos e gauchescos. Em Porto Alegre, trabalhou no jornal A Hora e na TV Piratini. Ficou marcado por apresentar o programa Galpão Crioulo, na RBSTV. Nico é autor da letra do Canto Alegretense, uma das músicas mais conhecidas do Estado. Ele se formou em Direito, fez uma especialização em História do Rio Grande do Sul e concluiu um Mestrado em Antropologia Social. Pesquisou a formação, a identidade e os costumes do Estado e transformou o que descobriu em livros e canções.