A voz de sucessos como Não é céu, Deixando o pago e Estrela, estrela completa 40 anos de carreira dedicados à música em grande estilo. Promovida pela PUCRS Cultura, a série de quatro lives com o cantor e compositor Vitor Ramil estreia nesta segunda-feira, 5 de outubro, às 21h.
O primeiro encontro tem como assunto os primeiros discos e criações do artista nos anos 1980. A conversa é transmitida através do perfil PUCRS Cultura no Facebook e do Canal da PUCRS no YouTube e conta com a mediação do diretor do Instituto de Cultura, professor Ricardo Barberena.
Vitor Ramil lançou seu primeiro LP em 1981, aos 19 anos. Estrela, estrela foi gravado no Rio de Janeiro pela PolyGram e contou com arranjos de Wagner Tiso, Egberto Gismonti, Zé Roberto Bertrami, Azimuth, Jamil Joanes, Ricardo Silveira, Mauro Senise, Djalma Corrêa, Robertinho Silva, Luiz Avellar, Victor Biglione, seu irmão, Kleiton, além de seus próprios arranjos. O disco contou ainda com as participações vocais de Zizi Possi, Tetê Espíndola e do outro irmão, Kledir.
Em 1983, Ramil assinou um novo contrato com a gravadora Som Livre, desta vez para lançamento de seu segundo disco: A paixão de V segundo ele próprio. As gravações ocorreram no Rio de Janeiro e os produtores do disco foram seus irmãos Kleiton e Kledir. Para a gravação do disco, novamente reuniram-se músicos de ponta, alguns que já estavam em Estrela, estrela e outros novos, como Nico Assumpção, Hugo Fattoruso, Arthur Maia e Gilson Peranzzetta. Ramil participou da produção de alguns arranjos, além de tocar violão e teclados eletrônicos.
O LP contou com 20 faixas. Essa quantidade só foi possível no formato LP porque as canções eram alternadas com vinhetas (geralmente de até um minuto), tanto no lado A quando no lado B do álbum. Além da quase totalidade de canções autorais, Ramil musicou pela primeira vez em sua carreira, em versão em português, um poema de Jorge Luis Borges, Milonga de Manuel Flores.
Poucos anos depois, em 1986, Ramil mudou-se para o Rio de Janeiro. Nesse período, participou do projeto Pixinguinha ao lado de Zizi Possi. Conseguiu assinar um novo contrato, agora com gravadora EMI, quando começou a trabalhar no novo disco. Os arranjos do terceiro disco, Tango, contam com a parceria da banda: Nico Assumpção, Paulinho Supekovia, Carlos Bala, Hélio Delmiro, Gilson Peranzzetta, Luiz Avellar, Dudu Tretin, Márcio Montarroyos, Léo Gandelman. Não havia arranjos orquestrais como nos discos anteriores. Havia uma maior coesão na banda.
Ao contrário de A paixão, que possuía 20 faixas, Tango tinha apenas oito canções. Vivia-se um período no qual o rock estava no auge, especialmente com a repercussão do primeiro Rock In Rio, que tinha acontecido no ano anterior. Era o momento do surgimento e da popularização do rock nacional, entre os antecedentes musicais estava o tropicalismo. Entretanto, o disco Tango não tinha nada de rock, além disso, trazia algumas canções experimentais, como Virda, a instrumental Nino Rota no sobrado, e as longuíssimas Joquim, versão da canção Joey, de Bob Dylan, e Loucos de cara, parceria com o irmão Kleiton Ramil.
As duas últimas tinham estrutura narrativa: a primeira com oito e a segunda com seis minutos. Ainda assim, Joquim, ao contrário do que ocorria com as músicas comerciais executadas nas rádios, geralmente com duração de três a quatro minutos, foi uma das canções mais pedidas nas rádios de Porto Alegre.
Nas próximas lives com o cantor as conversas serão em torno de suas criações e discos dos anos 1990, 2000 e 2010, e ocorrem respectivamente nos dias 27 de outubro (adiado), 17 de novembro e 8 dezembro.
Ricardo Barberena nasceu em Porto Alegre, em 1978. Possui Graduação (2000), Doutorado (2005) e Pós-Doutorado (2009) na área de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Coordenador Executivo do DELFOS/Espaço de Documentação e Memória Cultural e professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Coordena o Grupo de Pesquisa Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade e é membro do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC).