Quando se fala em empreendedorismo, a primeira ideia que vem à mente de muitas pessoas é “abrir um negócio”. E, de fato, essa é uma das formas de empreender, talvez a mais popular delas. Mas, na verdade, essa é uma atividade que está muito mais próxima do que se imagina, mesmo para quem não tem um “empreendimento”.
“Resolver-se a praticar (algo laborioso e difícil); tentar”; e “Pôr em execução; fazer, realizar” são as definições do verbo “empreender” encontradas no dicionário Michaelis. Lendo essas descrições, já fica claro que essas ações estão presentes no dia a dia de todos nós. E, para a professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Manoela de Oliveira, estamos em um período que favorece muito atitudes empreendedoras.
Manoela explica que, sim, empreender pode resultar em abrir uma empresa. Mas que, de uma forma mais geral e mais próxima da realidade da maioria das pessoas, está relacionado a “fazer uma ação intencionalmente como objetivo de mobilizar alguma coisa. Nesse sentido, acho que este é um momento muito propício para todo mundo desenvolver essa capacidade de empreender, porque a gente precisa encontrar soluções para vários problemas”, aponta a professora.
Desde o início da pandemia, diversas adaptações foram necessárias para todas as pessoas, no mundo inteiro. Em relação aos estudos, por exemplo, alunos que estavam habituados a ter aulas presenciais precisaram migrar para a modalidade online. E isso resultou em situações e desafios que precisaram ser solucionados. “Achar um espaço adequado, organizar os horários, organizar-se para estudar e decidir permanecer na Universidade e buscar o título que se propôs a conquistar no Vestibular ou no Enem também é empreender”, destaca Manoela.
A professora pontua que nem sempre essa é uma tarefa fácil, e que, por isso, é importante também entender que cometer erros nesse processo é normal e que eles podem, também, ensinar muitas coisas: “Uma boa alternativa é tomar consciência dos seus objetivos e dos desafios que podem vir com eles. É importante pensar em uma alternativa para tentar superar esses ‘erros’, levantar e tentar de novo alguma outra coisa. Não é preciso ser teimoso, mas é preciso ser persistente”.
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Manoela reforça que o contexto que estamos vivendo é propício para desenvolver novas competências e habilidades. Ter que lidar com internet instável, dividir espaço físico com outras pessoas, negociar horários e recursos são desafios que ajudam a desenvolver as habilidades de negociação e de empatia, de flexibilidade. Ao mesmo tempo, valorizar aquelas pessoas que são importantes e encontrar formas alternativas de manter contato com elas desenvolve socialização e criatividade.
Uma estratégia interessante apontada pela professora é fazer o exercício de analisar a jornada nesse período de distanciamento social. “Pensar em como estávamos nas primeiras semanas e como estamos agora, e o que conseguíamos fazer lá e o que conseguimos fazer aqui é um exercício interessante”. Ela reforça que, provavelmente, não desempenhamos atividades com o mesmo nível de sucesso durante todo esse tempo: “E poder observar isso, entender os motivos e levar para um próximo semestre com intencionalidade e foco, sabendo o que se está fazendo, é super interessante e pode servir de aprendizado também”.
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Além de olhar para dentro, tentando se compreender, entender o que gosta, de que forma faz isso bem e quando não consegue fazer tão bem assim, Manoela destaca o “olhar para fora”. “Assim, é possível entender o que está acontecendo, respeitar os outros e ajudar quem precisa”.
Em relação aos estudos e ao futuro profissional, conhecer-se mais permite entender melhor quais oportunidades valem a pena. “A questão de olhar pra fora pensando no futuro profissional é interessante, porque, ao fazer esse exercício e entender as necessidades dos outros, eu posso, enquanto estudante, ir me preparando para um mercado que está mudando, para identificar e atender necessidades desse mercado. E isso me torna muito competitivo, porque eu vou conseguir ter o conhecimento técnico e ter a intenção, a vontade de oferecer soluções que são necessárias para alguns grupos”, conclui.
Dentro da Universidade, existem diversas maneiras de praticar o empreendedorismo. Desde participar de eventos e desafios com essa temática até cursar uma disciplina focada em encontrar soluções para problemas reais, são oferecidas diferentes experiências para despertar nos alunos o espírito empreendedor. Confira: 5 dicas: como desenvolver competências empreendedoras durante a graduação.