Animal categorizado como vulnerável no Estado é estudado em área de conservação da PUCRS em São Francisco de Paula
segunda-feira, 19 de maio | 2025O Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza (Pró-Mata), da PUCRS, escolheu como animal representante de 2025 o mamífero irara. Localizada em São Francisco de Paula, a área protegida é voltada para o ensino, a conservação e a pesquisa ambiental. A escolha foi uma forma de aumentar a visibilidade da irara e os interesses em pesquisas em torno de seu hábitat e seus hábitos.
Atualmente, no Pró-Mata, é desenvolvido um programa amplo de monitoramento da biodiversidade, incluindo um projeto de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS, com foco em vários mamíferos que vivem nesta reserva. Desde 2019, foram instaladas armadilhas fotográficas para monitorar a movimentação dos mamíferos médios – incluindo as iraras – vistas regularmente nos Campos de Cima da Serra. Essas armadilhas funcionam com sensores de movimento, sendo ativadas quando um animal passa em frente, filmando ou fotografando
“Mamíferos como as iraras são fundamentais para a saúde dos ecossistemas onde vivem. Esses animais ajudam a manter o equilíbrio do ambiente, promovendo uma série de interações que garantem a preservação do local. No entanto, para que elas continuem desempenhando esse papel vital, é necessário que vivam em áreas bem preservadas, como as unidades de conservação. A escolha de espécies enigmáticas como a irara traz diversas vantagens. Além de se beneficiar diretamente das ações de preservação, ela também ajuda a proteger outras espécies que dependem dos mesmos ambientes. Quando a conservação é focada na irara, ela age como uma ‘espécie guarda-chuva’, garantindo que outras formas de vida que compartilham seu habitat também estejam protegidas”, explica o doutorando da PUCRS, Arthur Venancio de Santana, que vem monitorando a espécie em seu projeto de pesquisa.
Segundo Augusto Alvim, professor e diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA)/Pró-Mata, a Irara foi escolhida como representante do Pró-Mata 2025 pela sua presença na reserva e por simbolizar a diversidade e o compromisso com a preservação do meio ambiente.
“No Brasil, ela é considerada de menor preocupação na Lista Vermelha do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas enfrenta ameaças como perda de habitat, queimadas, atropelamentos e conflitos com humanos. A expectativa é aumentar a conscientização sobre a importância da preservação da fauna local e inspirar ações de proteção ambiental”, comenta Augusto.
O Pró-Mata é uma área de conservação e preservação ambiental da Universidade, localizada em São Francisco de Paula, com mais de 3 mil hectares. Além disso, busca desenvolver alternativas de geração de renda econômicas para a agricultura familiar da região, como a utilização de tecnologias sustentáveis, gerando menos impacto ao meio ambiente.
O Centro de Pesquisas também é um dos Hubs de tecnologia de atração de turistas e de conexão com todos os agentes da cadeia de turismo, por meio do projeto da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) “A Cadeia Produtiva do Turismo Rural em São Francisco de Paula/RS: novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável do Bioma Mata Atlântica”. Todos os anos o local recebe estudantes, pesquisadores/as e professores/as de diferentes instituições, brasileiras e internacionais. Desde sua inauguração, são promovidas atividades de ensino, extensão e pesquisa sob a condução do IMA da PUCRS.
Espécie pouco conhecida pelo público, a irara, com o nome científico de Eira Barbara, é um mamífero carnívoro da família dos mustelídeos – dos furões e lontras. Os animais apresentam uma forma alongada, com patas curtas e uma longa cauda. É conhecido por ser ágil e curioso, podendo medir até 1,3 metros de comprimento, com peso entre três e sete quilos.
Habitante das florestas, a irara tem hábitos diurnos, o que a diferencia de muitos outros carnívoros. Embora a espécie ainda apresente muitas lacunas de conhecimento quanto as suas características ecológicas, sabe-se que sua dieta é generalista, incluindo desde pequenos vertebrados, a frutos, e até o mel (o que lhe confere o nome popular em algumas regiões de “papa-mel”). Esse comportamento alimentar faz da espécie, além de uma controladora de populações de outras espécies, uma importante dispersora de sementes, contribuindo para a manutenção e regeneração de florestas.